Forró é expressão, cultura, corpo
- Mariana Bernardes
- há 2 dias
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Há algo de profundamente terapêutico na música. Antes mesmo de compreendermos as palavras, já respondemos ao ritmo, ao tom, à vibração que chega ao corpo antes de passar pelo pensamento. Depois crescemos e somos inseridos no mundo das palavras e passamos a nos comunicar principalmente através de significados e sentidos, para traduzir aquilo que se passa no nosso interior. A música soma a esse novo universo algo do indizível, tocando-nos de formas além-palavra e por vezes dando-nos outra forma de expressão àquilo que, por vezes, não conseguimos nomear.
Assim como na escuta terapêutica, há na música um convite à escuta atenta — não apenas do que soa, mas do que ressoa. Uma melodia pode evocar memórias, abrir caminhos internos, aliviar tensões. Cuidar da saúde mental também é permitir-se esses encontros sutis: com o silêncio e com o som, com o que se movimenta e com o que aguarda a próxima canção. Cada um encontra, à sua maneira, as músicas que embalam sua travessia — e reconhecer isso já é um gesto de cuidado.
O forró

Entre tantas manifestações sonoras, o forró ocupa um lugar especial ao coração brasileiro. Antes de tudo, o forró é cultura viva: expressão histórica de um povo que canta sua dor, sua alegria, seu chão. E afinal, onde se não na nossa cultura que encontramos a sustentação para o nosso pensamento, aquilo que dá sentido a ele?
Além disso, ao escutar forró, muitos se reencontram com suas origens, despertando laços de pertencimento e reconhecimento — elementos fundamentais para a saúde psíquica. Nos encontros para dançar, os instrumentos sanfona, zabumba e triângulo e a voz do cantador estão em segundo plano!
O que importa ali é o encontro entre pessoas, famílias e comunidades, que em meio a festa escrevem suas histórias e (re)constroem suas tradições.
Respeita Januário / Riacho do Navio / Forró no Escuro, de Luiz Gonzaga.
O corpo

E nesse cenário todo, o protagonista é o corpo — essa presença viva que dança, responde e se comunica. Ele sua, ô como sua! Em roda, em par ou consigo mesmo, dançar forró é lembrar que mente e corpo são uma mesma tessitura. E que, ao nos movermos, algo dentro também se movimenta — abrindo espaço para o cuidado, o alívio e, por vezes, a alegria.
A música, o forró, são instrumentos potentes de cuidado em saúde mental. E é possível compreender nossa subjetividade como esse movimento de tentar dar sentido e expressar o indizível, reconhecer o que me sensibiliza e como o faz, e encontrar com sua própria história e cultura. A terapia pode ser esse espaço de escuta mais profunda e cuidadosa de si.
Carece explicação, de Dominguinhos.
Se você sente que é hora de olhar para si dessa forma, agende um atendimento comigo. Será uma alegria te acompanhar nessa dança.